Senciência

18 de novembro de 2009

Blogs de ciência e ideologia científica

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 9:13

A comunidade científica é grande e diversa. Isso significa que seus membros possuem as mais variadas filosofias de vida e ideologias.

Entretanto, criou-se um mito em uma parte da blogosfera científica de que

A) Existiria uma “única” ideologia científica,

B) Essa única ideologia não é uma ideologia mas sim uma “cultura científica”

C) Nosso dever como divulgadores de ciência é divulgar tal tipo de cultura.

D) A cultura científica é idêntica ao (neo)ateísmo científico à lá Dawkins.

No post Dawkins vs Wilson,  eu sugiro  que existem “evidências empíricas” de que Edward O. Wilson:

1. É Deista em vez de neoateista (isso é uma declaração dele).

2. É um cientista muito mais produtivo e de maior impacto que Dawkins (por qualquer parâmetro de impacto e qualidade científica que se queira medir).

3. É um escritor de divulgação científica melhor de Dawkins, no sentido de que é um escritor com um (dois?) Pulitzer, é um escritor mais profundo, tem um estilo melhor e é um cientista ativo.

Assim sendo,  é preciso explicar a anomalia, que não deveria ser esperada a priori, sobre a preferência de inúmeros blogueiros biólogos por Dawkins em vez de Ed Wilson. Será que aqui entra também um viés ideológico?

Isso não é um detalhe irrelevante, uma firula que só interessa à comunidade dos divulgadores de ciência. Acho que, em 2010, o tema Dawkins vs Wilson será fundamental. Explico:

Wilson propõe, em seu livro “A Criação”, que secularistas e religiosos se unam por um propósito maior que é a conservação e defesa dos ambientes naturais, a busca de uma economia (mais) sustentável etc. Ou seja, para Wilson, a divisão importante hoje em dia não é se você é ateu ou religioso, direita ou esquerda, liberal ou conservador (nos costumes) mas sim se você é verde ou cinza.

Sendo assim,  um ateu-verde-direita-conservador como Wilson pode colaborar com uma religiosa-verde-esquerda-conservadora como Marina Silva e com um ateu-verde-esquerda(?)-liberal como Gabeira, porque ser verde é mais importante que as outras coisas na presente conjuntura histórica.

Por outro lado, Dawkins, que é um ateu-cinza-direita-liberal, e seus seguidores no Brasil com mesmo perfil, não podem apoiar Marina Silva ou mesmo dialogar com ela, pois segundo Dawkins, um religioso “razoável” ou que tenta ser “racional” é pior que um religioso fundamentalista (ainda não entendi por que, me parece que apenas pelo fato de que os fundamentalistas são melhores “homens de palha” para serem atacados).

Assim como existe um amplo espectro político, me incomodam certas dicotomias filosóficas tipo ateu-teísta tão discutidos ultimamente (com os ateus militantes, que lembram  igrejinhas de extrema esquerda, afirmando que agnósticos são ateus que ainda não saíram do armário e que religiosos que dão valor à Razão ou não são literalistas bíblicos etc ou são contraditórios ou não são verdadeiros religiosos (por que os verdadeiros religiosos são, ou deveriam ser, fundamentalistas) ou são irrelevantes numericamente (mas desde quando, em filosofia, conta-se números de apoiadores para se verificar a validade de uma proposta?).

O que existe, na verdade, é um espectro filosófico envolvendo a questão de se nosso universo teve uma criação proposital ou não por um ser finito ou não. Vejamos:

1. O Universo surgiu espontaneamente sem planejamento ou propósito algum

2. O Universo foi criado por um ser finito (um Demiurgo – nem onipotente, nem onisciente nem onibondoso, por exemplo, uma civilização em um Universo-Mãe) por acidente e não tem propósito algum.

3. O Universo foi criado por um Demiurgo de forma planejada, porém não tem propósito interno (poderia ser um experimento científico).

4.  O Universo foi criado por um Demiurgo de forma planejada e possuí um propósito interno, por exemplo manter a vida, a consciência após a morte do Universo-Mãe, e produzir outros universos-bebês.

5. O Universo foi criado por um Deus Platônico (onipotente, onipresente ou onisciente, mas não bondoso) = Deísmo.

6. O Universo foi criado por um Deus Platônico-Cristão (o Deus dos Filósofos, como dizia Pascal, com a adição que seria bondoso para com a Vida ou pelo menos para com os seres sencientes).

7.  O Universo foi criado por um deus tradicional com forte ênfase na “bondade” ou “defesa da justiça para os oprimidos”, ou seja, um deus judaico-cristão primitivo hoje defendido pela Teologia da Libertação (acho que alguns teólogos da libertação vão discordar de mim dizendo que não subscrevem a visão tradicional de Deus, mas que para eles Deus é o Horizonte Histórico, Deus é o Amor, Deus é a Utopia etc). OK, fiquemos por aqui.

8. O Universo foi criado por um Deus tipo religião tradicional, tipo o deus judaico Yavé (sem os conceitos de teologia sistemática), ou seja, um Deus  onde os conceitos de infinitude (oni-alguma coisa) são mais expressões pleonásticas do que descritivas (no mesmo sentido de que “O Palmeiras é o melhor time do mundo!”). Nessa categoria entrariam qualquer mitologia cosmologica tradicional, da mitologia sumérica (que deu origem ao relato do Gênesis) até as mitologias indigenas mais recentes – em geral as culturas não letradas possuem mitos orais que remontam a apenas 200 anos no máximo, embora tenhamos esse mito de que elas sejam imemoriais).

Ou seja, existe todo  um espectro de possibilidades (e olha que eu ainda nem discuti o Panteísmo e o Panenteísmo (visão mais próxima do jovem  Einstein). Ou seja, dado que a situação é essa, e que cientistas dos mais variados calibres subscrevem as mais diferentes filosofias (tanto em relação à questão do que define a ciência, se existe um método científico ou não, o que define a ética científica etc, mas também a essas visões cosmológicas), por que adotar uma visão unilateral e enviesada, por que adotar ou propalar a idéia de que a visão Dawkiniana é a “única” ou a “mais correta” visão científica?

Minha resposta é que tudo não passa de um momento político-ideológico muito particular.  A crise da secularização desde a década de 60 (crescimento do pentecostalismo, crescimento do espiritualismo New Age, queda das repúblicas socialistas oficialmente atéias, ascenção das repúblicas islâmicas etc) implicou em que ateus e não-crentes se vissem como minoria (uma minoria que anteriormente se orgulhava de sê-lo – por se considerar uma elite). E, como toda minoria, viu seus direitos civis ameaçados (por lei religiosas, por influência política da religião, etc)

Ou seja, Dawkins é emblemático por iniciar uma militância atéia nos moldes da militância gay, por proclamar que era hora dos ateus saírem do armário.

Sabe aquele militante gay (ateu) chato?  Aquele para o qual todos são ou gays (ateus) enrustidos ou são homofóbicos (religiosos fundamentalistas), sem meios termos?

Sim, é importante para os extremistas aniquilar o centro, dizer que o centro não existe, que os centristas são ideologicamente falsos.

Mas a questão, para o Brasil de 2010, é que os Ateus Verdes e os Religiosos Verdes, seja de esquerda ou direita, deveriam apoair Marina. E que a distancia entre um ateu-verde-esquerdista-liberal e um ateu-cinza-direitista-conservador é muito, muito, MUITO grande, não importa quão grande seja seu ateísmo…

Do O Beijo de Juliana:

Nas palavras de Monod:
Pela primeira vez na História, uma civilização tenta edificar-se, permanecendo desesperadamente atada, para justificar seus valores, à tradição animista e abandonando-a como fonte de conhecimento, de verdade. As sociedades “liberais” do Ocidente ainda ensinam, da boca para fora, como base de sua moral, uma repugnante mistura de religiosidade judeu-cristã, de progressismo cientista, de crença em direitos “naturais” do homem e de pragmatismo utilitarista. As sociedades marxistas professam sempre a religião materialista e dialética da História; quadro moral aparentemente mais sólido que o das sociedades liberais, mas talvez mais vulnerável, em virtude da própria rigidez que até aqui tinha feito sua força. Seja como for, todos os sistemas enraizados no animismo estão fora do conhecimento positivo, fora da verdade, são estrangeiros e definitivamente, hostis à ciência, que querem utilizar mas não respeitar e servir. O divórcio é tão grande, a mentira tão flagrante, que inquieta e dilacera a consciência de qualquer homem provido de alguma cultura, dotado de alguma inteligência e habilitado pela ansiedade moral que é a fonte de toda criação.
Às vezes penso que esse trecho de Monod está na raiz de toda a revolta dos humanistas românticos, de Roszack a Rubem Alves. É como se eles o tivessem lido quando jovens, acreditado que isso representa realmente a “posição da Ciência”, daí acendeu uma luz, uma revelação, e eles passam a dedicar suas vidas ao combate dessa “visão científica fonte de todos os males”, como o Império do Mal que Reagan combatia.
Mas eles, tão sofisticados, tão cheio de nuances, não conseguem perceber as diferenças políticas e filosóficas dentro da Ciência e da comunidade científica? Podem sim, mas não querem, porque se reconhecessem isso perderiam o seu “sentido de vida”, o seu ideal de luta, o seu bode expiatório particular que responde a todas as perguntas… Pois é, Monod, tão arrogante, acabou prestando a todos nós um belo desserviço, não?
oOo
Vocês deixariam sua filhinha ficar aos cuidados de um cara que acha que os humanos são máquinas e que as máquinas não possuem direitos? É por isso que esse ponto é essencial para mim: acredito que os humanos são máquinas biológicas (e incluo o comandante Data no gênero humano), mas defendo que as máquinas tem, em algum sentido a ser determinado melhor, “direitos naturais”. Por exemplo, o direito de não ser prejudicado ou destruído sem motivo justificável. O direito de qualquer configuração neguentrópica, por motivo de sua imensa raridade num universo composto de 99.99% de neutrinos, fótons, hidrogênio e hélio, de simplesmente continuar a existir como um tributo à complexidade. Mas essa visão ou opção valorativa (“não devemos usar a Mona Lisa como papel higiênico”), para Monod, é puro animismo.
Freeman Dyson conta:
Jaques Monod tem uma expressão para as pessoas que pensam como eu e para os quais reserva seu desprezo mais profundo. Chama-nos “animistas”, crentes em espíritos. “O Animismo”, diz, “estabelece um pacto entre a natureza e o homem, uma aliança profunda fora da qual parece estender-se somente uma terrível solidão. Devemos romper esse vínculo porque o postulado da objetividade assim o exige?” Monod responde que sim: “O antigo pacto encontra-se em fragmentos; finalmente, o homem sabe que está sozinho na imensidão inexorável do Universo, fora do qual emergiu apenas por acaso”. Respondo que não. Creio no pacto. Ë verdade que emergimos do universo por acaso, mas a idéias de acaso é em si mesma apenas um disfarce para a nossa ignorância. Não me sinto alienado no Universo. Quanto mais examino o Universo e estudo as minúcias de sua arquitetura, tanto mais prova encontro de que o Universo, de certo modo, deve ter sabido que vínhamos.

14 de novembro de 2009

Olhares da Rede: livro grátis

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 11:13

Enviado por Oswaldo Baffa:

O livro Olhares da Rede é uma produção do grupo de pesquisa Cultura de Rede, da Faculdade Cásper Líbero, com a Momento Editorial, e contém “o debate sobre as ideias de cinco autores que pensam o universo das redes digitais”. O livro tem apresentação do Prof. Sergio Amadeu, e pode ser baixado gratuitamente em

www.culturaderede.com.br.

A obra é composta de reflexões sobre a cibercultura a partir do trabalho de cinco autores: Douglas Rushkoff, Lawrence Lessig, Yochai Benkler, Henry Jenkins e Manuel Castells. Assinam a organização do livro os alunos Cláudia Castelo Branco, Fabrício Ofuji, Luciano Matsuzaki, Murilo Machado e Rodrigo Fonseca.

livro está disponível sob licença Creative Commons para uso não-comercial (by-nc, 2.5), que permite que outros remixem, adaptem, ou criem obras derivadas, desde que também sem fins comerciais, e contendo os devidos créditos.

11 de novembro de 2009

Interpretando teorias sobre sonho REM

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 20:43

A Dream Interpretation: Tuneups for the Brain

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Ciências e Política, duas vocações

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 9:26

Via Blog de ciências políticas Bilhetin. Lembrar de colocar este blog no ABC…

EUA: A crise das universidades

AS UNIVERSIDADES privadas dos EUA foram por muito tempo a inveja do mundo, não menos por conta dos seus saudáveis patrimônios de investimento. Antigos alunos ricos e outros benfeitores doaram, ao longo dos anos, vastas somas para essas instituições. No começo de 2008, o fundo de investimentos de Harvard tinha US$ 37 bilhões em capital, e o de Yale, US$ 23 bilhões.

Outras universidades também acumularam grandes dotações ao investir pesadamente em títulos privados de alto retorno, imóveis e fundos de hedge. Os administradores dos fundos universitários lucraram consideravelmente ao longo do processo, recebendo bonificações multimilionárias. A remuneração real que recebiam superava a de qualquer reitor universitário. Mas, em outubro de 2008, tudo mudou.

O colapso financeiro em Wall Street causou sérios abalos no sigiloso mundo da gestão de investimentos universitários. A dotação de Harvard perdeu mais de 27% de seu valor, o maior declínio sofrido em 40 anos. Em Yale, as perdas foram de 24,6%. A dotação de Stanford caiu em 27%. Em Princeton, a perda foi de 23%. Algumas universidades se saíram melhor (ou menos pior) que isso: a Universidade da Pensilvânia, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade Colúmbia, por exemplo, que haviam direcionado a maior parte dos seus investimentos para títulos do governo. Mas o quadro geral era de devastação.

Muitas dessas universidades de elite usavam a receita de seus investimentos para bancar despesas cotidianas. A expectativa de ganhos com os investimentos havia sido incorporada ao seu nível atual de despesa. No começo deste ano, Harvard tentou vender cerca de US$ 1 bilhão em ativos, mas abortou o processo diante da resposta pouco entusiástica do mercado. Em vez disso, tomou um empréstimo de US$ 1 bilhão, encorajou a antecipação de aposentadorias, congelou salários, suspendeu projetos de expansão e impôs cortes generalizados de despesas.

Mas a venda de cotas em carteiras privadas de investimento tende a agravar os prejuízos. No começo deste ano, o valor dessas transações aparentemente era de apenas 30% do valor de face das cotas em questão, e mesmo que tenha subido a 50% nas últimas semanas, ainda envolve a aceitação de substanciais prejuízos nas carteiras universitárias de investimento mais amplas. Os alunos de Harvard, que retornaram à universidade em outubro, descobriram que não terão mais direito a desjejuns quentes. E essa é apenas uma pequena parte dos sacrifícios que essas universidades terão de fazer agora.

Folha de São Paulo, 29/10/2009

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

4 de novembro de 2009

Sobre o plágio no paper da USP onde a reitora é co-autora

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 19:28

Rafael do RNAm escreveu hoje:

Plagio da reitora da USP. A culpa é de quem?

disse várias vezes aqui: cientistas não são santos, certo?

A notícia da Folha assusta pelo alvo. Não só uma cientista, mas a própria REITORA DA USP, Suely Vilela!

Resumindo a notícia: A pesquisadora e reitora, juntamente com mais 10 pesquisadores, publicaram um trabalho em 2008 baseado no trabalho de uma aluna de doutorado. Três das imagens utilizadas e dois parágrafos são idênticos a umtrabalho de 2003 de um grupo da UFRJ.

O grupo carioca deu o alarme e a USP, em nota da própria reitora, diz que vai apurar.

Compare as imagens você mesmo.

A reitora se defende dizendo que a parte dela (sim, um trabalho pode ser dividido em várias partes) está certa e não tem nada a ver com as imagens clonadas.

A tal aluna não foi encontrada.

Acredito na reitora. É muito difícil, em um trabalho com várias partes, todos os co-autores estarem a par de cada experimento. A culpa recairia mais em quem era responsável pelo experimento e seu orientador.(Importante aqui é não colocarem um aluno desaparecido do mundo científico como testa de ferro)

Claro que este é mais um caso da fragilidade da ciência, que na verdade não é diferente de qualquer relação humana: ela depende da confiança nos colegas.

Mas, feita a besteira, só se pode pedir desculpas ao grupo carioca e publicar uma retratação na revista onde foi publicada a fraude.

E não faça mais isso, cientista feio!

Este post sofreu update devido a novas informações.

Rafael, o caso é mais sério do que parece. Ser co-autor de um paper não equivale totalmente a ser um operário que monta um carro (de modo que se eu trabalhei no motor e o defeito foi nos freios, a culpa não é minha).

Explico: a responsabilidade dos autores dos papers é desigual. Os alunos tem pouca responsabilidade caso os orientadores ou autores seniores tirem conclusões indevidas ou mesmo façam fraude ou plágio. O contrário não é exatamente verdade. Pelo menos o orientador tem que estar atento a possíveis plágios cometidos pelos estudantes (usando, por exemplo, o Google para checar textos suspeitos). Se você é apenas um técnico em um paper de onze autores, tudo bem, talvez você nem precise ler a versão final. Mas se você é um dos autores principais (ou seja, um pesquisador acadêmico como a Reitora), então supõe-se que pelo menos você atuou como um “referee” do seu próprio paper.

Sabemos que mesmo assim, é difícil detectar uma fraude ou plágio intencional, feito por um estudante (que em geral são meio ingênuos e pensam que “vale tudo” para terminar o doutorado) ou por um colega que agiu de má fé.

Em um artigo, em geral se começa por selecionar que gráficos, figuras e fotos formarão o esqueleto do paper. É dificil de acreditar que neste processo de seleção de figuras se cometa um erro da magnitude do caso atual, como argumenta um dos autores. Pode até ser, mas seria uma série de coincidências e má sorte. Note que as figuras foram cortadas nas laterais, ou seja, teve photoshop para adaptar as figuras do paper original. Logo, não foi apenas uma inclusão acidental originária de uma confusão da estudante.

Analisando com mais calma o caso, também vou afirmar que acredito na reitora: ela não tem responsabilidade pela frauda porque na verdade ela também tem uma responsabilidade mínima pelo paper, sua contribuição foi mínima (isto é indicado pelo fato de que seu nome está em oitavo lugar na lista, ou seja, no lugar mais desprestigiado da lista de autores.

Acho que o orientador também talvez não seja responsável pelo plágio: deve ter um excesso de orientandos e, certamente, não dá para escrever e checar 21 papers (apenas em 2009!), de modo que é humanamente impossível ficar atento a um (suposto ou possível) deslize do estudante. É mais uma vítima do sistema científico brasileiro, onde a produção industrial de papers (“big science”) pode ajudar em uma classificação 1

Acho que Carolina também não tem muita responsabilidade no caso. É mais uma vítima do sistema de pós-graduação brasileira, onde orientadores superstars orientam mais estudantes do que deveriam ou humanamente poderiam fazer, e impõe um ritmo de trabalho industrial na fabricação de papers de modo que os controles de qualidade não podem ser devidamente aplicados.

Algumas perguntas para se investigar (estou sem tempo, talvez o Takata possa fazer este trabalho investigativo – ele devia trabalhar para o CSI!):

1. Quem é o primeiro autor do paper? [Carolina D. Sant’Ana, Lattes aqui – Takata informa que ele foi modificado pela autora ontem, que retirou o email de contato, mas o Lattes original eu obtive no cache do Google e enviei ao Takata.  Interessante, acho que alguém retirou a referência ao próprio paper de 2008, ele sumiu da lista (ver abaixo)].

2. Quem é o último autor do paper? Prof. Dr. Andreimar Martins Soares. Um curriculo impressionante, com 94 trabalhos, h = 21 e 1131 citações na Web of Science. Publicou 21 artigos apenas em 2009, ou seja, uma média de dois artigos por mês… Curiosidade:
2007 – Atual Conselhos, Comissões e Consultoria, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, .
Cargo ou função
Membro Titular da Comissão de Ética em Pesquisa da FCFRP-USP, desde 2007.
3. Quem é o “corresponding author”? Prof. Dr. Andreimar Martins Soares.

4. E as outras figuras, vieram de onde? Também são plagiadas?

5. Essas figuras estão na tese de doutorado da aluna? Então teve plágio na tese também, ou a origem das figuras foi devidamente citada? [Marcelo Leite informa que a tese não está disponível no banco de teses da USP – foi retirada por quem?]
6. Tem mais texto plagiado (cut and paste + google translator) na tese da aluna?
7. Existem outros papers baseados nessa tese da aluna? Existe possibilidade de haver plágio também nesses outros papers? [A reitora é co-autora em seis dos treze papers de Caroline Sant´Ana ]

8. E quanto aos trechos de texto plagiados? Qual o tamanho destes textos?

9. Poderia a falta da referencia ao paper da UFRJ de 2003 ter sido acidental, um esquecimento ou confusão da estudante ou dos redatores do paper?

10. Quem afinal redigiu este paper? Quem elaborou a versão final?

11. Se a reitora não redigiu o paper, não fez experimentos e não analisou criticamente o conteúdo do paper, então qual foi exatamente seu papel? Por que ela é autora do paper? Houve contribuição real ou ela é uma autora honorária?

12. Onze autores para um paper deste tipo parece ser demais. Os outros estudantes do laboratório realmente contribuíram para este paper? Qual foi a contribuição de cada um?
13. A tal aluna foi contatada pelos repórteres do G1 e declarou que não quer falar mais nada por que quanto mais tenta explicar, mais complicações ela tem. Talvez ela pudesse ser entrevistada por algum blogueiro (biólogo como você de preferência), um estudante ou colega talvez.

14. E que tal uma entrevista de um blogueiro com a própria Suely Vilela, para ter uma versão de primeira mão sobre o caso? A nota oficial da USP é tão pequena que não contém bits de informação suficiente para se formar uma opinião.

15. O paper com plágio foi listado ou citado na tese de doutorado?

16. E quanto aos participantes da banca de doutorado? Quem são eles? Notaram alguma coisa irregular na tese?

17. Onde foram feitas as duas outras fotografias de microscopia eletrônica apresentadas no paper? Elas são originais?

18. Quem fez as fotos de microscopia eletrônica afinal? Carolina era a responsável?

Ou seja, Rafael, não basta falar “Não faça mais isso, cientista feio!”. Tem que ter uma sindicância da USP criada pra isso, retratação do paper na revista [isso já foi feito], esclarecimento total. E que este caso sirva para produzir uma reflexão profunda sobre como é feita a pesquisa tipo big science no Brasil e quem deve ser responsabilizado por casos como este no caso de grandes colaborações.

Em contraste, no caso da pesquisa artesanal, feita pela maior parte dos cientistas brasileiros, a responsabilidade de cada autor é muito mais nítida.

Eu nunca me manifestei contra a Suely Vilela, sempre achei que era ótimo ter uma mulher no comando da USP (feminismo ingênuo esse meu! talvez um pouco de corporativismo, porque ela é de Ribeirão Preto, mea culpa!).

Também fiquei quieto (ou quase) na questão dela autorizar a polícia com metralhadoras no Campus de São Paulo: embora eu achasse isso um absurdo, eu sei que não é fácil conviver com os radicais de partidinhos-igreja dentro da USP.

Mas essa história de sua produtividade científica aumentar 400% depois que ela assumiu a reitoria, como bem observa Marcelo Leite, sorry, é algo supra-humano!

Que tal os blogueiros investigarem a fundo esse caso? Uma revoada vampiresca a là Ruth de Aquino, a fim de mostrarmos que não somos nem corporativistas nem covardes?

Só tem que tomar um cuidado, como sempre: possíveis processos por “danos morais”!

Assim, afirmo agora com todas as letras: acho que, em princípio não houve dolo, foram todos vítimas do sistema (especialmente os colaboradores mais afastados, que não moram em Ribeirão Preto). Mesmo se for confirmado plágio intencional, isto é apenas algo feio (talvez o único crime seria uma violação de copyright), mas ninguém vai morrer por causa disso.

Bom, talvez Caroline, o elo mais fraco, tenha morrido academicamente por causa disso. Gostaria muito de saber o lado dela: me parece um caso de ingenuidade de uma estudante sujeita a muita pressão acadêmica.

Já os autores principais, em especial Andreimar Martins e a reitora, são pesquisadores experientes que nunca arriscariam sua reputação fazendo um uso indevido de texto ou fotos como neste caso, muito menos plágio intencional. Produção industrial de papers e orientandos, até pode ser. Plágio intencional, certamente que não!

Disclaimer: Não tenho interesses politicos neste caso, afinal eu não voto para reitor…

[Nathalia] [São Carlos]
Olá Marcelo, em relação a nota, claro que ela não esclarece muito, é apenas mais do mesmo. Mas vamos pensar um pouco aqui: são 10 os nomes envolvidos na publicação desse artigo, ou seja, a colaboração dessas pessoas pode estar pulverizada ao longo da publicação. Então, não vejo mesmo que a reitora tenha agido de má-fé e que tenha apenas entrado “de bico” nessa publicação. O que está acontecendo, esse barulho todo, é sim uma questão política. Quem fez a denúncia primou pela ética, claro, disso não tenho dúvidas, afinal, plágio é crime. Mas a “perseguição” da reitora também camufla outras questões, que sabemos nós, tem a ver com poder acadêmico.Do mesmo jeito que temos “jogos ocultos” no parlamento, também os temos na academia.

04/11/2009 20:18

RESPOSTA:
NATHALIA:
Sem dúvida. Quem divulga uma informação danosa para outrem em geral tem uma intenção oculta, mas o que interessa no caso é a validade da informação (ou do questionamento) e sua relevância pública. Você tem alguma dúvida de que as duas condições estão rpesentes? Abraços jornalísticos, Marcelo Leite

Lattes de ontem, antes das notícias da Folha e G1:

Artigos completos publicados em periódicos
1. de Vieira Santos, Mariana M. ; Sant Ana, Carolina D. ; Giglio, José R. ; da Silva, Reinaldo J. ; Sampaio, Suely V. ; Soares, Andreimar M. ; Fecchio, Denise . Antitumoural Effect of an l-Amino Acid Oxidase Isolated from Bothrops jararaca Snake Venom. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, v. 102, p. 533-542, 2008.
2. SANTANA, C ; TICLI, F ; OLIVEIRA, L ; GIGLIO, J ; RECHIA, C ; FULY, A ; SELISTREDEARAUJO, H ; FRANCO, J ; STABELI, R ; SOARES, A . BjussuSP-I: A new thrombin-like enzyme isolated from Bothrops jararacussu snake venom?. Comparative Biochemistry and Physiology. A, Molecular & Integrative Physiology, v. 151, p. 443-454, 2008.
3. SANTANA, C ; BERNARDES, C ; IZIDORO, L ; MAZZI, M ; SOARES, S (Seria A?) ; FULY, A ; ZINGALI, R ; MAGRO, A ; BRAZ, A ; FONTES, M . Molecular characterization of BjussuSP-I, a new thrombin-like enzyme with procoagulant and kallikrein-like activity isolated from Bothrops jararacussu snake venom?. Biochimie (Paris), v. 90, p. 500-507, 2008.
4. SANTANA, C ; MENALDO, D ; COSTA, T ; GODOY, H ; MULLER, V ; AQUINO, V ; ALBUQUERQUE, S ; SAMPAIO, S ; MONTEIRO, M ; STABELI, R . Antiviral and antiparasite properties of an l-amino acid oxidase from the Snake Bothrops jararaca: Cloning and identification of a complete cDNA sequence. Biochemical Pharmacology, v. 76, p. 279-288, 2008. [Engraçado, o nome de Andreimar Soares não aparece nesta referencia. Por que?]


5. Pérez, Aida Verónica ; Saravia, Patricia ; Rucavado, Alexandra ; Sant Ana, Carolina D. ; Soares, Andreimar M. ; Gutiérrez, José María ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua . Local and systemic pathophysiological alterations induced by a serine proteinase from the venom of the snake Bothrops jararacussu. Toxicon, v. 49, p. 1063-1069, 2007.
6. SOARES, Andreimar Martins ; Oliveira, CZ ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua ; Menaldo, DL ; SILVEIRA, Lucas B ; Sabrina S. Teixeira ; Rueda, A.Q. ; MARCUSSI, Silvana . Professor José Roberto Giglio and Toxinology in Brazil: 40 years in research.. Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases (Online), v. Review, p. XXX, 2007.
7. Stábeli, Rodrigo G. ; Sant Ana, Carolina D. ; Ribeiro, Patrícia H. ; Costa, Tássia R. ; Ticli, Fábio K. ; Pires, Matheus G. ; Nomizo, Auro ; Albuquerque, Sérgio ; Malta-Neto, Natael R. ; MARINS, Mozart ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua . Cytotoxic l-amino acid oxidase from Bothrops moojeni: Biochemical and functional characterization. International Journal of Biological Macromolecules, v. 41, p. 132-140, 2007.
8. MARCUSSI, Silvana ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua ; Oliveira, CZ ; Rueda, A.Q. ; Menaldo, DL ; BELEBONI, R. O. ; STÁBELI, Rodrigo G ; GIGLIO, José Roberto ; Fontes, MRM ; SOARES, Andreimar Martins . Snake venom phospholipase A2 inhibitors: medicinal chemistry and therapeutic potential. Current Topics in Medicinal Chemistry, v. 7, p. 743-756, 2007.
9. STABELI, R ; AMUI, S ; SANTANA, C ; PIRES, M ; NOMIZO, A ; MONTEIRO, M ; ROMAO, P ; GUERRASA, R ; VIEIRA, C ; GIGLIO, J . Bothrops moojeni myotoxin-II, a Lys49-phospholipase A2 homologue: An example of function versatility of snake venom proteins?. Comparative Biochemistry and Physiology. C, Toxicology & Pharmacology, v. 142, p. 371-381, 2006.
10. Izidoro, Luiz Fernando M. ; Ribeiro, Marcela C. ; Souza, Guilherme R.L. ; Sant Ana, Carolina D. ; Hamaguchi, Amelia ; Homsi-Brandeburgo, Maria I. ; Goulart, Luiz R. ; Beleboni, Rene O. ; Nomizo, Auro ; Sampaio, Suely V. ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua . Biochemical and functional characterization of an l-amino acid oxidase isolated from Bothrops pirajai snake venom. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 14, p. 7034-7043, 2006.
11. OLIVEIRA, C ; MAIORANO, V ; MARCUSSI, S ; SANTANA, C ; JANUARIO, A ; LOURENCO, M ; SAMPAIO, S ; FRANCA, S ;PEREIRA, P ; SOARES, A . Anticoagulant and antifibrinogenolytic properties of the aqueous extract from Bauhinia forficata against snake venoms. Journal of Ethnopharmacology, v. 98, n. 1-2, p. 213-216, 2005.
12. DASILVA, J ; COPPEDE, J ; FERNANDES, V ; SANTANA, C ; TICLI, F ; MAZZI, M ; GIGLIO, J ; PEREIRA, P ; SOARES, A ; SAMPAIO, S . Antihemorrhagic, antinucleolytic and other antiophidian properties of the aqueous extract from. Journal of Ethnopharmacology, China, v. 100, p. 145-152, 2005.
13. Vieira, D. F. ; Watanabe, L. ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua ; MARCUSSI, Silvana ; SAMPAIO, Suely Vilela ; SOARES, Andreimar Martins ; Arni, R. K. . Purification and Characterization of Jararassin-I, a thrombin-like enzyme from Bothrops jararaca snake venom. Acta. Biochimia et Biophysica Sinica., v. 36, n. 12, p. 798-802, 2004.

Lattes de hoje, depois das denúncias (apenas 12 artigos, o artigo problemático foi retirado do Lattes):

Artigos completos publicados em periódicos
1. de Vieira Santos, Mariana M. ; Sant Ana, Carolina D. ; Giglio, José R. ; da Silva, Reinaldo J. ; Sampaio, Suely V. ; Soares, Andreimar M. ; Fecchio, Denise . Antitumoural Effect of an l-Amino Acid Oxidase Isolated from Bothrops jararaca Snake Venom. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, v. 102, p. 533-542, 2008.

2. SANTANA, C ; TICLI, F ; OLIVEIRA, L ; GIGLIO, J ; RECHIA, C ; FULY, A ; SELISTREDEARAUJO, H ; FRANCO, J ; STABELI, R ; SOARES, A . BjussuSP-I: A new thrombin-like enzyme isolated from Bothrops jararacussu snake venom?. Comparative Biochemistry and Physiology. A, Molecular & Integrative Physiology, v. 151, p. 443-454, 2008.

3. SANTANA, C ; BERNARDES, C ; IZIDORO, L ; MAZZI, M ; SOARES, S ; FULY, A ; ZINGALI, R ; MAGRO, A ; BRAZ, A ; FONTES, M . Molecular characterization of BjussuSP-I, a new thrombin-like enzyme with procoagulant and kallikrein-like activity isolated from Bothrops jararacussu snake venom?. Biochimie (Paris), v. 90, p. 500-507, 2008.

[O antigo artigo 4 foi retirado]

4. Pérez, Aida Verónica ; Saravia, Patricia ; Rucavado, Alexandra ; Sant Ana, Carolina D. ; Soares, Andreimar M. ; Gutiérrez, José María ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua . Local and systemic pathophysiological alterations induced by a serine proteinase from the venom of the snake Bothrops jararacussu. Toxicon, v. 49, p. 1063-1069, 2007.

5. SOARES, Andreimar Martins ; Oliveira, CZ ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua ; Menaldo, DL ; SILVEIRA, Lucas B ; Sabrina S. Teixeira ; Rueda, A.Q. ; MARCUSSI, Silvana . Professor José Roberto Giglio and Toxinology in Brazil: 40 years in research.. Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases (Online), v. Review, p. XXX, 2007.
6. Stábeli, Rodrigo G. ; Sant Ana, Carolina D. ; Ribeiro, Patrícia H. ; Costa, Tássia R. ; Ticli, Fábio K. ; Pires, Matheus G. ; Nomizo, Auro ; Albuquerque, Sérgio ; Malta-Neto, Natael R. ; MARINS, Mozart ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua . Cytotoxic l-amino acid oxidase from Bothrops moojeni: Biochemical and functional characterization. International Journal of Biological Macromolecules, v. 41, p. 132-140, 2007.

7. MARCUSSI, Silvana ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua ; Oliveira, CZ ; Rueda, A.Q. ; Menaldo, DL ; BELEBONI, R. O. ; STÁBELI, Rodrigo G ; GIGLIO, José Roberto ; Fontes, MRM ; SOARES, Andreimar Martins . Snake venom phospholipase A2 inhibitors: medicinal chemistry and therapeutic potential. Current Topics in Medicinal Chemistry, v. 7, p. 743-756, 2007.
8. STABELI, R ; AMUI, S ; SANTANA, C ; PIRES, M ; NOMIZO, A ; MONTEIRO, M ; ROMAO, P ; GUERRASA, R ; VIEIRA, C ; GIGLIO, J . Bothrops moojeni myotoxin-II, a Lys49-phospholipase A2 homologue: An example of function versatility of snake venom proteins?. Comparative Biochemistry and Physiology. C, Toxicology & Pharmacology, v. 142, p. 371-381, 2006.

9. Izidoro, Luiz Fernando M. ; Ribeiro, Marcela C. ; Souza, Guilherme R.L. ; Sant Ana, Carolina D. ; Hamaguchi, Amelia ; Homsi-Brandeburgo, Maria I. ; Goulart, Luiz R. ; Beleboni, Rene O. ; Nomizo, Auro ; Sampaio, Suely V. ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua . Biochemical and functional characterization of an l-amino acid oxidase isolated from Bothrops pirajai snake venom. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 14, p. 7034-7043, 2006.

10. OLIVEIRA, C ; MAIORANO, V ; MARCUSSI, S ; SANTANA, C ; JANUARIO, A ; LOURENCO, M ; SAMPAIO, S ; FRANCA, S ;PEREIRA, P ; SOARES, A . Anticoagulant and antifibrinogenolytic properties of the aqueous extract from Bauhinia forficata against snake venoms. Journal of Ethnopharmacology, v. 98, n. 1-2, p. 213-216, 2005.

11. DASILVA, J ; COPPEDE, J ; FERNANDES, V ; SANTANA, C ; TICLI, F ; MAZZI, M ; GIGLIO, J ; PEREIRA, P ; SOARES, A ; SAMPAIO, S . Antihemorrhagic, antinucleolytic and other antiophidian properties of the aqueous extract from. Journal of Ethnopharmacology, China, v. 100, p. 145-152, 2005.

12. Vieira, D. F. ; Watanabe, L. ; SANT’ANA, Carolina Dalaqua ; MARCUSSI, Silvana ; SAMPAIO, Suely Vilela ; SOARES, Andreimar Martins ; Arni, R. K. . Purification and Characterization of Jararassin-I, a thrombin-like enzyme from Bothrops jararaca snake venom. Acta. Biochimia et Biophysica Sinica., v. 36, n. 12, p. 798-802, 2004.

Antiviral and antiparasite properties of an l-amino acid oxidase from the Snake Bothrops jararaca: Cloning and identification of a complete cDNA sequence

Carolina D. Sant’Anaa, Danilo L. Menaldoa, Tássia R. Costaa, Harryson Godoya, Vanessa D.M. Mullera, Victor H. Aquinoa, Sérgio Albuquerquea, Suely V. Sampaioa, Marta C. Monteirob, Rodrigo G. Stábelic and Andreimar M. Soaresa, ,

aDepartamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, FCFRP-USP, Ribeirão Preto-SP, Brazil

bUniversidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, Guarapuava-PR, Brazil

cInstituto de Pesquisa em Patologias Tropicais, IPEPATRO, Universidade de Rondônia, UNIR, Rondônia-AC, Brazil

Received 9 April 2008; accepted 1 May 2008. Available online 7 May 2008.
Abstract

l-Amino acid oxidases (LAAOs, EC 1.4.3.2) are flavoenzymes that catalyze the stereospecific oxidative deamination of an l-amino acid substrate to the corresponding α-ketoacid with hydrogen peroxide and ammonia production. The present work describes the first report on the antiviral (Dengue virus) and antiprotozoal (trypanocidal and leishmanicide) activities of a Bothrops jararaca l-amino acid oxidase (BjarLAAO-I) and identify its cDNA sequence. Antiparasite effects were inhibited by catalase, suggesting that they are mediated by H2O2 production. Cells infected with DENV-3 virus previously treated with BjarLAAO-I, showed a decrease in viral titer (13–83-fold) when compared with cells infected with untreated viruses. Untreated and treated promastigotes (T. cruzi and L. amazonensis) were observed by transmission electron microscopy with different degrees of damage. Its complete cDNA sequence, with 1452 bp, encoded an open reading frame of 484 amino acid residues with a theoretical molecular weight and pI of 54,771.8 and 5.7, respectively. The cDNA-deduced amino acid sequence of BjarLAAO shows high identity to LAAOs from other snake venoms. Further investigations will be focused on the related molecular and functional correlation of these enzymes. Such a study should provide valuable information for the therapeutic development of new generations of microbicidal drugs.

Keywords: l-Amino acid oxidase; Snake venom; Bothrops jararaca; Parasiticide; Antiviral; cDNA sequence

Article Outline

1. Introduction
2. Materials and methods
2.1. Materials
2.2. Biochemical characterization
2.3. Antiviral activity
2.3.1. Cytotoxic study
2.3.2. Treatment of cells with DENV-3 and/or BjarLAAO-I + DENV-3
2.4. Cytotoxic effect of LAAO on Leishmania viability
2.5. Trypanocidal activity
2.6. Electron microscopy [Quem era o responsável or esta parte?]
2.7. cDNA sequence of the l-amino acid oxidase
2.8. Statistical analysis
3. Results and discussion
Acknowledgements
References

Paixão e razão na pesquisa científica

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 9:22

 

Einstein

Few people are capable of expressing with equanimity opinions which differ from the prejudices of their social environment. Most people are even incapable of forming such opinions.

 

 

Osame disse:

Como eu já discorri longamente em postagens anteriores, a posição cética padrão é boa filosofia para ´ceticos e filósofos, mas não é um bom conselho para jovens cientistas: todo cientista tem que “acreditar” em suas idéias – no sentido de gastar tempo e esforço com elas, não exatamente no sentido de crença filosófica. E isso deve acontecer mesmo se as evidências não forem suficientes (ainda). Obter essas evidências (a seu favor ou a favor de sua escola de pensamento) e derrotar as evidências contrárias das hipóteses ou teorias concorrentes é o trabalho do dia a dia do cientista. Mas para isso é preciso muita perseverança, muita fé e crença, mais emocional do que intelectual, em suas idéias…

Luciana disse:
Acho que muita fé e crença mais emocional que intelectual deve atrapalhar o cientista, pq quando vc tem uma crença sua atenção seletiva faz vc perceber somente aquilo que confirma sua crença, se vc não dá importância as críticas e as evidencias contrárias a teoria vc não consegue defendê-la com propriedade.

Estou dizendo isso com base na terapia cognitiva de Aron Beck que diz que as pessoas tem crenças centrais, intermediárias e pensamentos automáticos. As crenças intermediárias e os pensamentos automáticos são derivados da crença central que pode ser funcional ou disfuncional e elas dizem respeito ao que vc pensa sobre si mesmo, os outros e mundo e o futuro.

 

Se vc tem a crença central que é incompetente vc supervaloriza uma derrota e atribui as vitórias, por exemplo, a sorte. E ao avaliar as situações do dia dia vc tende a confirmar a sua crença e a não perceber tudo o que a refuta. Acho que toda crença provoca esse tipo de cegueira então um cientista não deve crer, deve ser aberto o suficiente para abrir mão do que defendia anteriormente se aparecer uma proposta melhor, então acho que um cientista não acredita absolutamente em uma teoria ou escola de pensamento ele apenas a acha mais provável e na realidade está em constante estado de dúvida (não a certeza que é a crença, a fé). Mas tb não acho que exista uma pessoa completamente descreste, só se ela fosse criada em ambiente não cultural.

Réplica do Osame:

Lu, me dê algum exemplo histórico de cientista “mente aberta”, “imparcial” e “sem preconceitos teóricos” que tenha feito algo cientificamente criativo. Toda a evidência teórica e empírica (histórica e sociológica) mostrada em “A Estrutura das Revoluções Científicas” de Thomas Kuhn, “Contra o Método” de Feyabend, “A Imaginação Científica” de Horton etc, e o trabalho dos historiadores profissionais de ciência contradizem a visão empiricista ingênua de Sagan, Asimov, Dawkins e blogueiros de ciência muito novinhos. Popper está morto, e Popper sabia disso antes de morrer!

Eu cito os meus exemplos:

Einstein quotes: 

Then I would have felt sorry for the dear Lord. The theory is correct.  As quoted in Reality and Scientific Truth : Discussions with Einstein, von Laue, and Planck (1980) by Ilse Rosenthal-Schneider, p. 74 When asked by a student what he would have done if Sir Arthur Eddington‘s famous 1919 gravitational lensing experiment, which confirmed relativity, had instead disproved it.

The state of mind which enables a man to do work of this kind [science] is akin to that of the religious worshiper or the lover; the daily effort comes from no deliberate intention or program, but straight from the heart.  (cade a frieza racional e imparcial aqui?)

I have found no better expression than “religious” for confidence in the rational nature of reality, insofar as it is accessible to human reason. Whenever this feeling is absent, science degenerates into uninspired empiricism. Letter to Maurice Solovine, (1 January 1951) [Einstein Archive 21-174]; published in Letters to Solovine (1993)

Plank quotes:

A new scientific truth does not triumph by convincing opponents and making them see the light, but rather because its opponents eventually die, and a new generation grows up that is familiar with it. ~Max Planck, A Scientific Autobiography and Other Papers, 1949
As famosas frases de Feynman defendendo a precedência do experimento sobre a teoria, em um Popperismo ingênuo (que o próprio Popper rejeitou depois dos trabalhos de Inre Lakatos), devem ser entendidos num contexto de retórica, do lado bufão de Feynman. Ele não era historiador da ciência, e pedir para um cientista descrever a natureza da ciência é equivalente a pedir a um pianista descrever a natureza da música.

Quem está com a mão na massa do fazer científico não tem tempo de refletir sobre como exatamente ele faz isso, como é a verdadeira sociologia ou história da ciência. Como Feynman mesmo disse: a opinião de um especialista em um assunto fora da sua especialidade não difere da de um leigo. Feynman era um leigo em filosofia e história da ciência.
A frase “Não faço hipóteses!” de Newton deve ser interpretada no contexto em que diversos cientistas pediam a ele para explicar a natureza ou causa ultima da gravidade. Na época, diversos modelos foram propostos de um eter gravitacional ou algo do tipo que poderia transmitir a força da gravidade, mas todos esses modelos mecânicos tinham problemas. Daí Newton se eximiu de ficar discutindo essas especulações, assumiu que a sua lei da gravitação descrevia uma força a distância de natureza íntima desconhecida.

Talvez isso tenha sido uma boa tática no momento, mas estrategicamente não foi bom, porque a idéia de uma força a distância instantânea realmente não parece ser física. Talvez Newton, se tivesse tido mais paciência, pudesse ter formulado a gravitação em termos de um campo gravitacional com velocidade finita de interação (afinal ele sabia que a luz tinha velocidade finita, então pra que postular que a velocidade da gravitação é infinita?).

Acho que Newton emitiu essa frase quando já era velho e não fazia mais física. Lembremos que ele parou de fazer física por volta dos 40 anos de idade, após uma depressão profunda produzida pelo fato de que seu amante, o matemático Fatio, foi embora para a Suiça.

Referências:

Da Wikipedia:

Newton’s postulate of an invisible force able to act over vast distances led to him being criticised for introducing “occult agencies” into science.[40] [ou seja, os “céticos” da época ficaram enchebdo o saco de Newton!] Later, in the second edition of the Principia (1713), Newton firmly rejected such criticisms in a concluding General Scholium, writing that it was enough that the phenomena implied a gravitational attraction, as they did; but they did not so far indicate its cause, and it was both unnecessary and improper to frame hypotheses of things that were not implied by the phenomena. (Here Newton used what became his famous expression Hypotheses non fingo).
With the Principia, Newton became internationally recognised.[41] He acquired a circle of admirers, including the Swiss-born mathematician Nicolas Fatio de Duillier, with whom he formed an intense relationship that lasted until 1693, when it abruptly ended, at the same time that Newton suffered a nervous breakdown.[42]

Da Wikipedia:

Soon after publishing the special theory of relativity in 1905, Einstein started thinking about how to incorporate gravity into his new relativistic framework. In 1907, beginning with a simple thought experiment involving an observer in free fall, he embarked on what would be an eight-year search for a relativistic theory of gravity. After numerous detours and false starts, his work culminated in the November, 1915 presentation to the Prussian Academy of Science of what are now known as the Einstein field equations. These equations specify how the geometry of space and time is influenced by whatever matter is present, and form the core of Einstein’s general theory of relativity.[1]

The Einstein field equations are nonlinear and very difficult to solve. Einstein used approximation methods in working out initial predictions of the theory. But as early as 1916, the astrophysicist Karl Schwarzschild found the first non-trivial exact solution to the Einstein field equations, the so-called Schwarzschild metric. This solution laid the groundwork for the description of the final stages of gravitational collapse, and the objects known today as black holes. In the same year, the first steps towards generalizing Schwarzschild’s solution to electrically charged objects were taken, which eventually resulted in the Reissner-Nordström solution, now associated with charged black holes.[2] In 1917, Einstein applied his theory to the universe as a whole, initiating the field of relativistic cosmology. In line with contemporary thinking, he assumed a static universe, adding a new parameter to his original field equations—the cosmological constant—to reproduce that “observation”.[3]

By 1929, however, the work of Hubble and others had shown that our universe is expanding. This is readily described by the expanding cosmological solutions found by Friedmann in 1922, which do not require a cosmological constant. Lemaître used these solutions to formulate the earliest version of the big bang models, in which our universe has evolved from an extremely hot and dense earlier state.[4] Einstein later declared the cosmological constant the biggest blunder of his life.[5]

During that period, general relativity remained something of a curiosity among physical theories. It was clearly superior to Newtonian gravity, being consistent with special relativity and accounting for several effects unexplained by the Newtonian theory. Einstein himself had shown in 1915 how his theory explained the anomalous perihelion advance of the planet Mercury without any arbitrary parameters (“fudge factors”).[6] Similarly, a 1919 expedition led by Eddington confirmed general relativity’s prediction for the deflection of starlight by the Sun,[7] making Einstein instantly famous.[8]

Yet the theory entered the mainstream of theoretical physics and astrophysics only with the developments between approximately 1960 and 1975, now known as the Golden age of general relativity. [Porque a RG entrou tão tarde no mainstream da Física? Porq causa da visão empirista boba de americanos e ingleses. Apenas na década de 60 é que as evidências empiricas decisivas a favor da RG foram obtidas – as observações de Eddington de 1919 estavam muto contaminadas por ruído e não eram na verdade confirmações “fora de qualquer dúvida razoável”. Afinal, não é verdade que a teoria de Newton não prediz o gravitacional lensing, ela apenas o prediz com uma diferença de um fator 2 em relação à Relatividade Geral, e as chapas de Eddington, na verdade, não eliminavam completamente essa possivbilidade.

A aclamação de Eistein como um novo Newton em 1922 foi mais um evento sociológico – um inglês confirmando a teoria de um alemão justo depois da guerra de 1914-1918 era uma celebração de paz e concordia promovida pela ciência. tanto é que Einstein não ganha o Nobel por causa da teoria da relatividade mas sim pelo efeito fotoelétrico.

Mesmo alguns cientistas eram céticos em relação à  relatividade restrita ainda na década de 30, quando Morley repetiu seus experimentos (acho que Michelson já tinha morrido) e encontrou “evidências empíricas de um vento do éter”. Mas tarde se mostrou que tais “evidências empíricas” estavam contaminadas por ruído (erros experimentais).

3 de novembro de 2009

Você é um positivista cientifico?

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 10:06

Muita gente bate no peito dizendo: “Desculpe, mas eu sou um velho positivista científico, sim, e com muito orgulho!”
Para saber se você realmente é um um positivista científico, responda rápido a seguinte questão:
“Antes do Everest ser descoberto, qual era a montanha mais alta da Terra?”
A resposta está aqui.

28 de outubro de 2009

Coleção “Os Cientistas”

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 15:35

Os Cientistas – quem lembra?
Enviado por: “Carlos Alberto Machado” cipexbr@yahoo.com cipexbr
Ter, 27 de Out de 2009 3:26 pm

Olá companheiros!
Há cerca de três meses enviei uma mensagem perguntando a alguns amigos se lembravam da coleção “Os Cientistas” que saiu na banca de revistas há uns 30 anos atrás. Algumas pessoas retornaram seus depoimentos e em seguida resolvi fazer um blog específico sobre o assunto; http://oscientistas .wordpress. com/
Hoje lhe faço o convite para que o conheça quando tiver tempo, mas não se esqueça de fazê-lo, pois espero seu retorno por aqui. Envie-me sua opinião, o que achou recomendações críticas, sugestões, etc.
Não é apenas a página principal, mas de todo o conteúdo à direita, perceba que existem ali várias páginas que o levarão aos cientistas onde descrevo cada uma das 50 caixinhas. Também inseri entrevistas, trabalhos acadêmicos e uma página contendo vários links para experiências que podem ser feitas ai em sua casa, ou na escola de seu aluno ou filho.
Recentemente inseri uma página sobre laboratórios similares pelo mundo, mas advirto que conversando com pesquisadores brasileiros que viajaram pelo mundo a procura de outras coleções similares, concluíram que o Brasil teve a melhor coleção exclusiva já criada. Não foi copiada, talvez a idéia, mas não a coleção.
Em apenas três meses de existência e sem uma divulgação direta, o blog “Os Cientistas” já conta com uma média de 150 visitas diárias, perfazendo um total de 6.534 visitas e por conta disso já é citado em dois portais sobre ciências.
Portanto, depois de conhecê-lo não deixe de divulgá-lo a seus amigos, parentes e conhecidos, principalmente se precisar fazer alguma pesquisa a respeito de ciências ou de algum cientista citado por lá.
Se você ainda tiver alguma caixa em sua casa, ou conhecer alguém que tenha entre em contato comigo pelo cipexbr@yahoo. com, ok?
Grande abraço e aguardo seu retorno,

Carlos A. Machado
representante do CLFC no Paraná

Conselho Steampunk PR: http://www.orkut. com.br/Main# Community? cmm=94418545
o melhor site de Star Trek no Brasil http://www.jornadan asestrelas. com/
blogs: http://futurantiqua .blogspot. com/ (mais de 100 mil visitas) e http://oscientistas .wordpress. com/ (média de 100 visitas diárias)
FENOMENUM: http://www.fenomenu m.com.br
Fotos artísticas: http://www.flickr. com/photos/ camachado/

27 de outubro de 2009

Cores equivalem a frequência de ondas luminosas?

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 9:36

Resposta a um post do Igos do 42:

23 de outubro de 2009

Ciência 2.0: Um depoimento pessoal sobre o Tamiflu

Filed under: Uncategorized — Osame Kinouchi @ 10:28
cienciadoispontozero disse…

Pois é, Osame, a resistência ao antiviral foi o motivo alegado pelo Ministério da Saúde para recolher o medicamento das farmácias… Agora escuta (leia) essa..

Eu tenho mãe e irmã radicadas na Italia há 20 mais de anos e às vezes esquecem de como as coisas funcionam por aqui. 

Quando minha mãe soube de toda essa situação já comentada por mim em posts anteriores e bem esclarecida nesse seu post, ficou preocupada com os netos (eu e um dos meus filhos temos bronquite asmática) e teve a mais normal das atitudes para uma avó: resolveu comprar uma caixa de Tamiflu pra cada um de nós e enviar pelo correio, como sempre faz com presentes nos aniversários dos netos. 

Comprou o Tamiflu e pediu ao meu cunhado que postasse no correio italiano. Ele achou mais fácil usar uma empresa de remessa que sempre usa no trabalho, a UPS. 

Passados 15 dias avisei que não havia recebido a encomenda. Depois de muitas ligações da minha irmã e do meu cunhado para a filial italiana da UPS, enfim, recebi o primeiro de uma série de e-mails da empresa. A encomenda havia sido retida pela ANVISA e eu teria um longo caminho burocrático a percorrer…

Resumindo muito o que me exigiram aqui: “declaração de uso e finalidade (ANVISA) para do produto com firma reconhecida (modelo anexo), a cópia de seu CPF (…) receita médica original completa assinada por profissional competente, informando a quantidade de caixas, número de cápsulas e o prazo a ser consumido, que não pode, em nenhuma circunstancia, ultrapassar 6 meses. 3 vias da declaração de uso e finalidade (1 original com assinatura reconhecida em cartório e 2 cópias). 2 cópias do CPF do destinatário. A RECEITA MÉDICA ORIGINAL COMPLETA deve ser enviada em 1 via original e 2 cópias, com o carimbo do CRM e assinatura legível do médico, detalhando quantidades e prazos do tratamento, bem como as substâncias a que se destinam.”

Claro que me irritei muito, mas cumpri a burocracia, do contrário, seria “aberto processo internacional junto ao remetente para que ele manifeste seu interesse quanto ao seu envio parado no Brasil”

Burocracia cumprida, recebo o último dos 8 e-mails trocados com a UPS: “Prezado Cliente UPS, Gostaríamos de informar a chegada da remessa em referência em seu nome. Quanto ao pagamento (…)” 

O pagamento se referia a imposto de importação (!!!!). 

Valor do imposto: 115,00 reais por caixa de Tamiflu adquirida na farmácia italiana por 29 euros.

Cansada (pra usar uma expressão suave) me queixei com a funcionária da UPS da tremenda burocracia, do valor do imposto e de toda a amolação que eu não supunha que teria que passar para receber uma encomenda de uma avó preocupada.

A funcionária, talvez neta da velhinha de Taubaté, me respondeu que eu deveria entender que todos os cuidados são em favor do cidadão brasileiro, pois, tais procedimentos garantem que não entrem substâncias ilegais no país. 

Sem mais comentários, né? 🙂

12:48 AM, Outubro 23, 2009

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